SENTADA

Ela esteve sentada por todo o percurso.

A paisagem fazia belo o vazio de meu peito.

O desejo de dizer foi menor que o de sentir.

Sentir a presença de uma alma desconhecida.

- Uma viajante aparentemente sem destino!

Ela estava ali quase indiferente a minha existência.

Parecia invisível, insensível, intangível.

O carro com dificuldade seguia a viagem.

E eu, o curso da estrada.

Terra dura, sem asfalto; a poeira voa alto.

No verão, o ar rarefeito, nos faz pensar na volta, quando a tardinha chega mais fria.

As garças dançavam bem organizadas sob olhar suspeito da lua.

O sol, ao longe, despia o resto do dia de suas vestes coloridas.

- Uma mortalha preta estava lá aguardando a serra sumir na escuridão.

No escuro, todos são iguais!

Os morcegos podem nos dizer sobre isso!

O preconceito é doença, é ferida!

É distância de criança, é brincadeira, é herança mal dividida.

É uma senda esburacada;

Uma mente atrapalhada.

Uma faca de dois gumes!

- Só, não diz de si, um vagalume!

Ela se levantou e eu passei.

Ela se ajeitou, e eu pelo corredor apertado daquele veículo mal encarado, deslizei com dificuldade.

Desci, desci, desci...

Tomei outro caminho.

Nele vi uma figura amiga.

Despida!

Nua!

A pele estava crua!

Andava na rua e dizia somente a verdade...

Roosevelt leite
Enviado por Roosevelt leite em 30/08/2012
Reeditado em 31/08/2012
Código do texto: T3857312
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.