O delírio de Siddhartha Gautama
No fundo da tarde... Uma nuvem negra gigante despencando raios na serra!
Soterrada por frases! Todas as casas entristecidas na nevoa,
Densas ramas correm pelo chão procurando meus olhos...
Traduzindo fronteiras enxergando o solo, se estendendo num poema lento.
As letras te compõem, para nascer do orvalho frio que bebes.
E não falo tão somente palavra alguma! Quando de mim só revoam delírios...
Apenas delírios beijando os lariços flóridos.
Minhas roupas nuas parecem estar vivas, consomem o vento e viram brasas.
E para sempre está seca a boca do vento de tanto soprar!
Sua sede parece sem fim! Não se acaba nem sorvendo os sete mares.
Falam-me em você, mais não ouço Ha dias! Não me prendo a histórias de fantasmas.
Tornei-me um sem coração! Sou tão frio provoco sobre mim avalanches,
Fico soterrado.
Nada amarro com minhas cordas vocais, com elas vou tecendo apenas silêncios.
Com elas não laço ninguém em meu furor...
Poeta! Poeta! Ei você mesmo!
Por que todo esse frio te acompanha?
Olha quanto sol, quanta beleza num bosque de cerejeiras!
Por que este silêncio espalhado atrás de ti?
Não percebe que os pássaros cantam e incendeiam o coração!
Delírios são miragens sonoras! Olhe o imenso dragão com suas escamas em chamas!
Ele engole universos! Mais dormiu correndo atrás da calda...
Não quero acorda-lo!
Eu corei a minha face nas flores, uma pétala se abriu e depois todas as outras.
Não é mágica é a vida!
Espero que meu coração volte a bater, e agarre a vida numa frase quente.
Um Buda de pedra medita parado, e não liga para o que os pássaros,
Estão falando sobre ele.