ADERIVA NA MADRUGADA UMBROSA

O céu minha’lma e eu...

Estalando em raios e tormentas

Eu e uma platéia de sombras

O choro como um cântico

Não sei quem chora...

Se sou eu ou minha’lma

Risco um fósforo ascendo um cigarro...

Minha’lma triste como um sino solitário

Aderiva na madrugada umbrosa...

Num mergulho profundo...

Imagens e sons da memória

Recordações cambaleiam lamentosas

O céu parece transbordar em luto

Uma mancha escura...

Invade a vidraça a paisagem bucólica

Um vulto estranho que me devora

De abandono e desencanto

Como uma boneca quebrada

O silêncio me toma...

Com seu passo arrastado

A escuridão decora meu peito...

Consumindo-me por uma atroz saudade

Do tempo e do amor perdido

Minhas dores pingam no escuro

Afogo-me em minhas memórias

O vento gelado lá fora...

Arranhando a janela

Meu pensamento desce ao abismo

Um cálice a escorrer... Velhas lembranças!

De um amor adormecido