Violoncelo Magoado
Mais um pôr do sol se esvai enquanto vejo a vida em câmera lenta,
nenhuma iluminação alcança meu rosto nessa turbulência de sentimentos,
meus pensamentos estão soterrados sobre angústias contínuas,
tentei escalar a montanha da redenção e ser melhor do que poderia,
no final estou aqui sentado sobre os escombros de mim mesmo,
na solidão de um domingo sem sorrisos ou esperanças de um porvir,
ouço uma trilha sonora que enche meu espírito de melancolia,
enquanto desenho um esboço de meus desejos silenciados...
.
Mais uma noite de chuva sobre essa cidade de concretos corações,
nenhum sinal livre para desafogar a inquietação que me corrói,
minhas ações estão paralisadas sobre tristezas permanentes,
tentei suplicar meu perdão a quem fez ouvidos surdos,
no final estou aqui nesse prédio em demolição,
na depressão de meus passos inseguros sobre arame farpado,
ouvindo a melodia de um violoncelo magoado à distância,
enquanto me desfaço em lágrimas na areia do tempo...
.
Mais uma insônia mantendo meus olhos reféns da ausência de paisagem,
nenhum analgésico que possa entorpecer meus sentidos doloridos,
meus dedos tamborilam sobre uma velha mesa de bilhar,
tentei escutar os sons de anjos no interior de religiões,
no final estou aqui ignorado na escuridão de meus medos,
na desilusão de não ser visto para além das aparências,
ouvindo o regurgito de um corvo que espera a meia-noite,
enquanto me tolero nos descaminhos de um destino de fel...