POEMA DE CONTRIÇÃO - (de 1988)

perdoem-me os que plantaram a esperança

na eternidade dos filhos

perdoem-me os que se dissolveram sem metas

no corpo amado

perdoem-me os que emergiram do amor

inteiros

perdoem-me os que se buscam respostas cristalinas

no fundo dos rios opacos

perdoem-me os que se descobrem

nas cavernas de si mesmos

perdoem-me os que sabiamente

silenciam

perdoem-me os que enfrentam de peito aberto

os mitos fortemente armados

perdoem-me os que enfrentam deuses

e sucumbem

perdoem-me os que vencem deuses

e ficam SÓS sem nenhum remorso

perdoem-me todos os que não me chegaram

no tempo possível

perdoem-me todos aqueles a quem tornei

o tempo inviável

perdoem... perdoem...perdoem... perdoem...

pudera eu perdoar-me a mim

tal um Deus que se desdobrasse em dois...

Poema inédito, de 1988, com algumas reescritas (dos tempos de agora), ainda na manhã de 25 de agosto de 2012.