Tormentos
Noite, fria.
Confusão mental, pela erupção de sentimentos,
Tento fazer-me lúcido, não consigo.
O que busco é estancar o sangramento em meu peito, é instinto.
Assemelha-se a um vulcão, derrama-se por todos os lados,
Não importando, claro que não, a terceiros,
É coisa íntima, só eu sei, só eu vivo, só eu sinto.
Dá vontade de viver dormindo, em sono profundo, irreal,
Neste negrito, neste tormento por fim.
Afasto-me de todos, isolado, desolado, desconsolado...
Não, eu me recuso! Existe vida além de mim
Mesmo que seja dolorido.
Falar é sempre mais fácil que agir, agir dá trabalho!
Entra aqui, refaça a bagunça, me conserte, me endireite
Lhe ordeno, lhe peço ajuda; socorro!
Faça daqui sua moradia, seu canto, seu deleite.
O grito é em vão.
Volto à normalidade, finda o surto
Confuso, carente, sozinho, em meu leito,
Conforto não tenho, ajeito o travesseiro
Pensamentos mil, vão... durmo.
Acorda!
Diz o relógio, e no mesmo instante penso;
Pela frente mais uma noite, fria.