In vitro

Há um som dentro de copos vazios,

uma água que transborda sem um rio,

lágrimas que se cristalizam em versos,

caminhos que se separam ao vento,

folhas de outono que caem em pleno inverno da alma...

.

Há um brilho que se sobressai dentre velas apagadas,

uma chama que teima em queimar na solidão dessa poesia,

sentimentos que se repelem na contradição das palavras,

medos que se abandonam em profundas decepções,

sinos que se calam nas badaladas de horas perdidas...

.

Há um sonho que se esvai entre caligrafias trêmulas,

uma esperança que resiste ao fim que se aproxima,

um acorde desafinado na arpa de uma velha orquestra,

sinfonia em um teatro de esquecimentos tão vivos,

temporada de tristezas recolhidas em porões do espírito...

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Há uma onda que se choca contra os rochedos da praia deserta,

uma força que se revela nos recantos de um mar de intempéries,

um colibri que canta baixinho a música noturna dos desolados,

colírio de cegos temporários em um mundo de falsas ilusões,

visões que se abrem ao nascer de um novo dia de indagações...

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Como conseguirei me manter vivo mais um dia?