48 horas

48 motivos para chorar,

48 tragos para me embebedar,

48 gols para perder na marca do pênalti,

48 horas para partir sem olhar para trás...

.

Ando meio torto por esse caminho reto de palavras ruidosas,

pescando ilusões no concreto de gelatina sob meus pés,

tentando voar com asas de papel manteiga por ventos chuvosos,

sabendo-me possuir apenas o nada que não contém meus sonhos...

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48 passos para atirar-me ao desconhecido,

48 histórias sem finais felizes ou tristes,

48 vidas interconectadas por uma poesia,

48 horas para sorrir para a solidão sempre presente...

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Ando desnorteado no rumo desse mapa sem caixa postal,

batendo o solado das botas na areia de uma praia sem ondas,

buscando respostas em grãos menores que átomos reversos,

perdendo-me em rochedos de minhas próprias emoções...

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48 dias para reiniciar minhas paranoias,

48 prescrições médicas para internações compulsivas,

48 esboços de desenhos congelados no tempo,

48 horas para fugir dos analgésicos que anestesiam minha alma...