Preço

Acordo às duas, e vejo que não vou dormir

Levanto, e já desligo o despertador

Tem um frio menino invadindo o quarto

E, sem vozes, as coisas parecem ter a mesma fome

Tudo e todos precisam de mim nesse momento

O mundo é meu, e eu sou o mundo, estou sozinho

Vai que eu ganho, dessa vez...

E nem preciso competir, minha vitória é marcada de lástimas

Não sei se é certo perder todo o sangue em prol de um troféu

Mas parece ser a única segurança que vou ter

Como uma parede alada, eu me seguro e ela me solta...

Pensei muitas bobagens esses dias

Estou meio sem chão, soluçando mentalmente...

Percebo que os reflexos já não mais os mesmos, quando se trata do corpo

Mas quando se trata dos outros, as “revelações” são sempre iguais

As reações são sempre iguais

Ninguém gosta de se desfazer de um bom amigo

Mas quase ninguém está aí pro que ele sente

Vira aquela coisa do “Te entendo”...

Muita gente boa não sangraria se a falsidade fosse verdadeira

E digo nos dois gumes, se é pra sentir... sinta

Se é pra mentir, cale

Não sei se estou errado, ou muito certo

Acho que no fundo, no fundo, eu estou muito cansado

Parece que vai chover...

Vou acender o cigarro, uma xícara de café, talvez...

E esperar as gotas começar a rolarem pela janela

O simples custa caro...

Não sei se sei realmente que preço é esse.

Daniel Sena Pires – Preço (17/08/2012)