Minha Heroína
Quando doer-me as pálpebras
Ao sono mortal me pesa,
Corre pela mente estas álgebras,
Que a fronte lívida embeleza
Como a brancura da tua pureza
Entre essas águas flutuantes,
Decerto na solidão toda a certeza
Tenho nas lágrimas espumantes
Teu amor regela-me em esperança
Nas têmporas tão ressequidas
Evaporando na cisma a semelhança
Destas chagas assim doloridas!
Tantas lágrimas foram derrubadas,
Em sua ferocidade tão feminina
Mutilando a pele entre as picadas
Sacrificada por ti minha heroína!
Passeia teus dedos pelas bordas,
Do meu âmago existencial,
Atando-me o amor nestas cordas
Do último apelo sentimental
Já me pesa a fronte enlanguescida,
Que crepita na febre maculosa
Unindo minha existência esmorecida
A uma colher fria e borbulhosa
O vento que me acolhe no rosto,
Balouça-se no meu peito a sudorese
Posso sentir do aroma o gosto
Da alma que pela súplica empalidece
Noites insones pelas madrugadas
Que debilito em sagrada sina,
São as luzes negras e enamoradas
Pelo meu vício pela heroína