Por Detrás da Solidão

Ela se move por detrás da janela

Observando a multidão embaixo,

É como a sombra frágil da vela,

Soprado pelo vento vindo abaixo

Acendendo uma cigarrilha pensa

O amor um mero substantivo

Na metrópole de dimensão imensa

Basta morrer para estar vivo!

Ainda jovem refletia sua existência

Apagada como a luz queimada

Quis entender porque toda carência

Fazia-a se sentir-se tão rejeitada

A noite vinha frio como plácido verão

Na sua vida que era um mero recorte

Algumas colchas juntadas pela solidão

Retalhos jogados do existir sem sorte

Levantou-se e foi servir uma bebida

Para refrigerar tantas dores

Viu a sua imagem ao copo refletida

Somada a tristeza dos fatores

Percebia que todos eles multiplicados

Fizeram florescerem tantas dores,

Com seus neurônios tão atrofiados

Estamparam-se na face os horrores

Lembrou-se da infância tão feliz

Passeando pela chuva fraca,

A lágrima de adeus era o que quis

Ao cortar-se com afiada faca!

Riu-se com a sarcástica simpatia,

De quem brada uma despedida,

Por entre as suas mãos escorria,

A angústia enfadonha da vida

O sangue fluía com áspera delicadeza,

Golfando-lhe o traje vestido

Borrou-se a toalha branca à mesa

Em seu espírito frágil adoecido

Precisava respirar e sentir a brisa

Foi senti-la junto ao parapeito,

Enxugou sua dor na velha camisa

Apreciando um final perfeito

Pediu asas para poder enfim flutuar

Por entre as luzes altas e acesas,

Ao infinito além quisera esvoaçar

Vendo de cima minúsculas belezas

Eu ajoelhado frente sua cabeça,

Uma rosa, A esse rosto encaixo

Antes que o tempo lhe esqueça

Ela caiu e morreu lá embaixo!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 13/08/2012
Código do texto: T3827527
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.