E FOI ASSIM

E foi assim...
No silêncio noturno, que o adeus se fez entre nós;
Explicações não me deste, também não lhe pedi,
Sabia que não iria adiantar,
Sua decisão era irrevogável.
O que fiz foi contemplar-te por inteira,
Estavas exuberante dentro de um vestido vermelho,
A tez, levemente pálida,
Os olhos mais pareciam duas jabuticabas maduras,
Os lábios entreabertos contornado com um suave batom,
Provocavam-me intensamente,
Talvez esperando um último beijo;
Confesso que ante aquela dominante presença,
O meu ímpeto era o de prostrar-me aos teus pés,
E suplicar, implorar, chorar, até mesmo gritar,
Praticar qualquer ato que impedisse a sua partida;
Destarte, contive-me;
Não poderia agir assim,
E o meu orgulho, e a minha racionalidade...?
Não! Não poderia humilhar-me a tal ponto;
Afinal de contas, eu sou “homem”,
E homem que é realmente “homem”,
Jamais deve se curvar diante de qualquer situação;
Não me curvei.
E foi assim...
No mais profundo silêncio da noite,
Que lentamente vi desaparecer por entre as sombras,
A sua meiga silhueta...
Eu fiquei ali; inerte, esperando o amanhecer;
Não estava totalmente só;
A minha racionalidade e o meu machismo,
Criaram formas;
E puseram-se a rir da minha solidão.