Pétalas no chão
O tempo escorre
Por entre as paredes prisioneiras
Onde amor se fez exilado
Só o sol matinal põe luz
Pouca luz, logo janelas fechadas.
O coração para sempre de luto
Resoluto sofrer abraçou
Apegado à sua dor ali se enclausurou
A beleza tomou forma de tristeza
Logo a saudade ocupou o seu lugar.
Rondando o jardim que já foi lindo
Há nele seu cheiro impregnado
As rosas outrora viçosas
Abrem-se sem viço sem sensualidade
O beija-flor também as abandonou.
Jamaveira®
Sem o beijo... sem o amor e a flor...
O beijo que outrora à rosa dava
Secou-se nos lábios da saudosa flor
Secou-se o amor, morreu no viço da rosa
Desbotada, despetalada pelo desamor...
Assim matou o tempo toda a esperança
E os traços de vontade forjada no calor
Perdeu-se o desejo varando as madrugadas
Murchou o amor, efemeramente
Como murcha jaz a frágil flor...
A hera, ervas daninha assola-me o jardim
Espinhos e musgos enchem o espaço
Assim o desprezo faz-se derradeiro
Ocupa o lugar dos beijos e abraços
Do calor que aquecia a alma feito o sol...
O solo está seco... O chão se faz deserto
Não há porque plantar sequer uma semente
O coração doente geme e 'inda incerto
Procura uma razão pra fingir-se contente
E embora mostre a face meio sorridente
Dói à alma que chora sem verter-se...
E demente de tristeza e pura solidão
Nem mais um amor desperta nesse turrão
O beija flor se foi pra outros jardins
E as borboletas sequer lembram-se de mim
Falta à promessa de nova primavera
Esquece-se a esperança da nova estação...
Nina Costa
Obrigado Nina por abrilhantar minha casa de versos. Abç. Jota
Imagem: Do Google