Bala perdida
Temos a consciência anêmica
Que desconhece a proteína da verdade
É na insônia que se prolongam as horas e
as buscas
É no silêncio da madrugada
Que as palavras se encontram em sintonia
Regem a realidade do alto de suas semânticas
E bailam pelas ironias sutis das mentiras,
Dos contos, das novelas
E das poesias.
Temos a consciência anêmica
Não vemos a luz, somente a imaginamos.
Na verdade, não vemos nada.
É a luz que traz à retina o objeto.
O mesmo objeto que descansa sozinho nas trevas
Feudais quimeras onde
há um deus que sabe de tudo
As anemias escorrem entre veias,
almas e sombras
Projetam o pôr-do-sol
Bem em cima da camisa manchada
de sangue e estória
Na tragédia cotidiana
Das flácidas violências…
Estopim da miséria
ou da indiferença
No ângulo certo, uma bala
Ou, talvez um fuzil podem mirar
o alvo, o ponto exato
E, então diminuir a população,
Majorar estatísticas
Preencher cemitérios…
Mas, não responderão as
inquietações…
Como podemos querer viver efetivamente…
Se já estamos mortos?
Mortos pela anemia
Pela apatia e
Pelo esquecimento.