Bala perdida

Temos a consciência anêmica

Que desconhece a proteína da verdade

É na insônia que se prolongam as horas e

as buscas

É no silêncio da madrugada

Que as palavras se encontram em sintonia

Regem a realidade do alto de suas semânticas

E bailam pelas ironias sutis das mentiras,

Dos contos, das novelas

E das poesias.

Temos a consciência anêmica

Não vemos a luz, somente a imaginamos.

Na verdade, não vemos nada.

É a luz que traz à retina o objeto.

O mesmo objeto que descansa sozinho nas trevas

Feudais quimeras onde

há um deus que sabe de tudo

As anemias escorrem entre veias,

almas e sombras

Projetam o pôr-do-sol

Bem em cima da camisa manchada

de sangue e estória

Na tragédia cotidiana

Das flácidas violências…

Estopim da miséria

ou da indiferença

No ângulo certo, uma bala

Ou, talvez um fuzil podem mirar

o alvo, o ponto exato

E, então diminuir a população,

Majorar estatísticas

Preencher cemitérios…

Mas, não responderão as

inquietações…

Como podemos querer viver efetivamente…

Se já estamos mortos?

Mortos pela anemia

Pela apatia e

Pelo esquecimento.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 03/08/2012
Reeditado em 12/08/2012
Código do texto: T3810998
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