O Prédio no Final da Rua
O Prédio no final da rua
Lembro-me ainda como se ontem fora
Do prédio que havia no final da rua
Meio de lado, arquitetura tosca, sem graça
Mas ali vivia uma moça, sempre descalça.
Olhar perdido, sem esperanças, triste
A balançar o corpo de um lado a outro
Despreocupada na velha sacada.
Descobri seu nome por acaso
E o motivo de sua tristeza,
Se fez claro em um dia de lua cheia.
Olhando para o alto, da sacada de minha casa,
Eu via todas as noites a moça triste
Que atendia somente o padeiro
E, às vezes, o leiteiro ranzinza e trapalhão.
Naquele prédio no final da rua
Da mesma velha sacada, um acidente
Cairá dormente, o seu amor.
Tornamo-nos parceiras na dor,
Um dia, na sacada do prédio
Aquele mesmo ao final da rua,
Um dia, adormecido, morreu meu amor.