Animal Doméstico

Eu já não sei mais onde encontrar

Em que olhos e lábios irão me beijar,

Ah! Eu já não sei não, beiras de mar,

Números de telefones que a noite irei ligar.

Pontos de ônibus fiquei altas horas,

Esperando algum pra ir embora,

Nessa cidade que não me encontro,

E me vejo, nas vitrines de lojas do espelho.

Nunca mais o perfume do shampoo do seu cabelo,

Toalhas na cabeça feito um turbante saía do banheiro,

Ah! Não enxugam mais não, loção de rosas na penteadeira,

Acabaram os lápis que escrevia nas suas sobrancelhas.

O tempo passa numa ampulheta,

Perco segundos em cada grão de areia,

Antes fosse peixe num mar a nadar,

E qualquer cardume iria acompanhar.

Uma vez que sou um animal doméstico,

Fazendo companhia num canto da sala, e confesso,

Ah! Mas não há, não, miados nem latidos,

Que cessem sua solidão, pra tudo eu não sirvo.

Edilson Alencar
Enviado por Edilson Alencar em 29/07/2012
Reeditado em 08/10/2017
Código do texto: T3803647
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