Além-túmulo
Na noite de solidão o meu corpo estremecia
Do meu peito jorrava um sangue que não tinha serventia
Mesmo na escuridão minha alma enaltecia
Tentava com um sorriso conter a melancolia
Com as unhas negras tirava a terra que me revolvia
E sugando o ar fresco eu quase me esquecia
De que estava morta, no túmulo apodrecia
Ao caminhar pelo cemitério minha carne caía
Alguma larva dos meus dentes sujos saía
Mais sete passos e o portão alcançaria
Porém minha visão aos poucos enfraquecia
A dor da vida sucintamente me envolvia
Percebi então que este sentimento não suportaria
Desabando no chão, senti que de novo morria.
(25/07/12)