POBRE FORMIGA
Raimundo Alberto
Chovia... Sentei-me à mesa para o jantar,
Mas não pude comer enquanto estava a chorar!
Passou-me a fome
E ao invés de entrar comida na minha boca,
Saiu dela uma voz rouca,
Chamando por seu nome!
Ia passando uma formiga...
Por mais rápido que caminhasse
Ficou afogada na lágrima inimiga!
Ah! Pobre formiga! Lutando contra a lágrima venceu a briga,
Mas logo a pouco morreu de fadiga!
Que infelicidade! Ela parou exatamente onde a lágrima caiu!
Igual a ela meu coração se sentiu!
Eu sei que nenhuma outra formiga
Terá uma morte tão digna
De uma paixão que poderia ser tão benigna!
É que nesse momento
O formigueiro julgou-me violento,
Um criminoso cruel!
Seguindo as leis do seu direito,
Arrancaram meu coração do peito
E o devoram como se fosse mel!
Ah! Pobre formiga! Morreu no amargor do meu amor
Enquanto as outras se satisfazem na doçura do que restou!
Ah! Pobre formiga! Chegou-me a causar susto
O tão alto custo
Que o amor nos cobrou!