A poeta que há em mim,

é bem semelhante

a uma encrustada pérola na concha.
Vez ou outra ela vem,

à beira da praia mansa,

beijar a orla do mar.
Noutras vezes,

retorna às profundezas do oceano.
Vivo assim,

rodeada por areia esfacelada,

onde vez ou outra há rasuras,

noutras nada!

Sem hora de chegar ou partir,

desacreditada de calcificar a escrita.
Fico a espera de alguém,

que num ímpeto,

retire as pérolas de meus olhos

e as coloque em seu próprio olhar.
Então,

depois de descoberta,

ficarei como concha vazia,

a sussurrar junto ao marulho,

batendo nas encostas,

de quem soube me desvendar.

Numa madrugada da posteridade,

quero naquela encosta poetizar.

Railda
Enviado por Railda em 09/07/2012
Reeditado em 24/06/2016
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