Meu lado da solidão
Quando você partiu levando seu orgulho consigo,
meus sentimentos estavam naufragando em um mar de dor,
tentava manter-me à tona para não afogar-me em lamentos,
evitando a tentação de submergir em minhas sombras mais densas,
buscando a luz de um farol que me conduzisse até a praia,
nadando para as margens de minhas próprias convicções...
.
Quando você acusou-me de todo o malogro de seus desejos,
minhas verdades foram esfaceladas como cristal em queda repentina,
tentei reunir meus cacos e colá-los com algum amor próprio,
tateando por alguma dignidade no fundo de minha desesperança,
buscando iluminar a caverna onde recolhera minha alma remoída,
acendendo uma fogueira para exorcizar os demônios da insanidade...
.
Quando você expôs-me ao mundo em sua versão de vilão derrotado,
meus argumentos calaram-se sufocados em minha garganta,
o grito que ecoou dentro de mim ensurdeceu meus sentidos,
enquanto sentia a vida entrar em um coma induzido por lágrimas,
buscando preservar o pouco de mim que ainda lutava por ar,
pelo oxigênio de um coração soterrado em escombros de mágoas...
.
Quando você seguiu com sua vida dramatizando felicidade instantânea,
meu lado da solidão permaneceu obscuro sob a luz de um lampião,
fazendo sombras nas paredes de uma casa prestes a ser demolida,
contando em pantomimas uma sincera sensibilidade desprezada,
buscando desabafar em gestuais silenciosos os ecos do passado,
sobrevivendo para um presente marcado por erros e rupturas...