Porto Solidão

Entregue à esta noite

Sem estrelas, sem luar, apenas o vento

Cantando pelos passeios do anseio,

Reconheço de cada semente do pranto

Uma palavra traduzindo-se em unções!

A contar pelos versos já escritos

Sobre folhas e pergaminhos,

Deixo que poema se imprima pel’alma

Fazendo-me capataz do que vem do ventre,

No encontro do lábio, do aveludado das mãos!

Crédulo dos estados da luz,

Vislumbro da garoa seu sorver pelo jardim

Enquanto a terra germina o sentir de cada pétala,

Ali gerando um perfume, um refrão,

Doutrinas, parodias remetendo ao amor!

Do querer, o corpo desnudo, absoluto,

Como cúmplice da sombra nos tecidos se fazendo

Melodia, néctar para os sentidos da dor!

Das nuances vagantes, a poesia na seda

Acende um veleiro ancorado num porto solidão!

06/07/2012

Porto Alegre - RS