Então, parti. Adeus
Diga-me, com aquela sinceridade de quem não me conhece, de quem não me gosta, de quem não se importa e não me quer bem:
De que nos vale a mais bela primavera, com o mais doce aroma e a mais vistosa coloração, se, no fundo, as flores de nada nos servirão?
Poderíamos aprender tanto com as flores, aquelas que brotam sem nem perceber e morrem felizes, satisfeitas, realizadas. Aquelas que servem não sabem a quem, e o fazem com todo vigor. Aquelas humildes, que não distinguem nem o próprio nome em meio ao verde colossal de um metro quadrado.
No lugar, reclamamos, entristecemo-nos com pouco, com a solidão.
Eu não aprendi nada com as flores.
Mas aprendi que mesmo que eu receba os espinhos, darei flores em troca.
Talvez assim mostremos o quanto somos maiores e o quanto fazemos falta quando partimos.
Então, parti. Adeus
Renato F. Marques