Tédio...
e ela sente-se quase morta
amanhece e põe a roupa de dormir
haja que na noite
veste ela as roupinhas cor de sonhos
e mira-se no espelho da lua
e encontra-se a alma menina
no reflexo côncavo e branco
e morde e mastiga a lua
e tem gosto de queijo e de poesias!
e pendura nos cabelos as estrelas
e são flores colhidas do céu!
e anda despida na noite
e a brisa segura-lhe pelas mãos
passeia e ri e brinca
com as tranças da ventania!
ela não gosta de voltar
e por a roupa de dormir
a noite retira-lhe o tédio
que acumula no inteiro dia.
e há cenários tão distintos
na boca do céu da noite!
e quando retorna ela
à sua roupa de dormir
envolta ela em cenários
os mesmos... os mesmos...
que seria ela até capaz
de andar dentre eles sem os olhos
e adivinhá-los os próximos passos
em preto e branco
em tic - tac
em tempo
vazio.
e qual seria, então, a função dos olhos dela
que não mirar-se na lua?
e de sua boca
que não morder a lua?
Karla Mello
26 de Junho de 2012