Cícero

Não é o que as palavras dizem

Não é o que as bocas pronunciam

É aquele olhar

Encharcado de semântica e sentimento

É o amor súbito e inesperado

Da carta de uma criança que está longe,

Mas muito perto da solidão e do sofrimento

É o seu desenho desesperado

de realidade e ilusão

São cores pigmentando

o sangue e a vida

Não é o que dizem

Nem o que sentem

São olhos, os horizontes esboçados

No imaginário interior do tecido real

É a verdade solene das manhãs de inverno

É a verdade poética do pôr-de-sol

É a verdade paradoxal das lendas e ficções

Só não sei se há verdade

na moral dos homens que

faz sofrer e discrimina

Que animaliza sentimentos e reações

Que pigmenta o sangue de número

E, ensaguenta o número de vida

Não é apenas o que dizem

É o como,

É o porquê

E, é mais, é a história que contam

As ilusões que carregam

As infâncias perdidas na infâmia

De apenas sofrer e amadurecer.

Meu menino ficarei contigo

Mesmo de longe.

Mesmo de perto

Mas com a alma estendida para

Você passar e precisar de mim.

Vá à vida, vence-a, todos os dias.

Com jegue, sem jegue,

Com carroça, sem carroça

Sem coração, ou só com lágrimas

Mas vença por você e por mim…

Pois crescemos adultos

enquanto fomos crianças.

Vai ser Cícero

o que planta o futuro com a vida.

P. S.

Essa poesia é para meu afilhado Cícero.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 20/06/2012
Reeditado em 01/07/2012
Código do texto: T3734992
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.