Cícero
Não é o que as palavras dizem
Não é o que as bocas pronunciam
É aquele olhar
Encharcado de semântica e sentimento
É o amor súbito e inesperado
Da carta de uma criança que está longe,
Mas muito perto da solidão e do sofrimento
É o seu desenho desesperado
de realidade e ilusão
São cores pigmentando
o sangue e a vida
Não é o que dizem
Nem o que sentem
São olhos, os horizontes esboçados
No imaginário interior do tecido real
É a verdade solene das manhãs de inverno
É a verdade poética do pôr-de-sol
É a verdade paradoxal das lendas e ficções
Só não sei se há verdade
na moral dos homens que
faz sofrer e discrimina
Que animaliza sentimentos e reações
Que pigmenta o sangue de número
E, ensaguenta o número de vida
Não é apenas o que dizem
É o como,
É o porquê
E, é mais, é a história que contam
As ilusões que carregam
As infâncias perdidas na infâmia
De apenas sofrer e amadurecer.
Meu menino ficarei contigo
Mesmo de longe.
Mesmo de perto
Mas com a alma estendida para
Você passar e precisar de mim.
Vá à vida, vence-a, todos os dias.
Com jegue, sem jegue,
Com carroça, sem carroça
Sem coração, ou só com lágrimas
Mas vença por você e por mim…
Pois crescemos adultos
enquanto fomos crianças.
Vai ser Cícero
o que planta o futuro com a vida.
P. S.
Essa poesia é para meu afilhado Cícero.