Correndo com lobos
Deixando a areia escapar por entre os dedos,
caminhando entre as pedras do caminho,
fechando os olhos para minhas descrenças,
tateando no muro das minhas lamentações,
espreitando pela fé que me traga redenção,
estou esperando pelo nascer do sol...
.
Atravessando uma avenida com vendas nos olhos,
correndo de meus próprios lobos perseguidores,
espraiando meus medos em ressacas marítimas,
gritando meu silêncio na sinfonia de um dia perdido,
rodopiando no balanço de um parque ilhado,
nadando contra as correntes da vida...
.
Sonhando a sanidade de pensamentos incoerentes,
revelando as incertezas que os céticos temem,
quebrando cascas de ovos pintadas de ilusão,
imaginando nuvens cor de algodão quadriculado,
fazendo pick nick com biscoitos do verão passado,
vendo as formigas carregarem meu peso em suas costas...
.
Criando contos em redes de pescadores solitários,
chorando paixões estilhaçadas em taças de vinho seco,
rememorando químicas desfeitas no pó de fogueiras apagadas,
rosnando para minhas expectativas vãs no vazio,
pintando as paredes da minha caverna de sombras,
estou esperando a luz da lua me indicar um rumo...