Sexo sem amor
Ele procura por ela em cada olhar,
revolta-se e cospe na cara das outras,
como vagabundas, num orgasmo louco,
que mais é um pedido de socorro.
Faz sexo loucamente, toda noite, insaciavelmente,
como um viciado que se afunda na droga entorpecedora
na busca de migalhas de prazer que preencha aquele vazio
que se agiganta em seu coração e o abraça com lassidão.
Ele vomita palavras sedutoras, despudoradas,
ressecadas de amor e emoção, quase um escárnio.
Em, troca colhe as mesmas carícias fingidas,
de amores de momento, de desejo quase forçado.
Pobres sentimentos! Egoísmo, rancores, ilusão,
desespero de almas sedentas de carinho e atenção.
Quantas fêmeas necessita para saciar um gélido coração?
Secaram-se as lágrimas, foi-se o amor, o sonho, o ideal.
O mundo não presta, ninguém presta, nada vale a pena!
Ele se sente perdido, como menino com medo do escuro
que acende qualquer farolete para fugir da negritude
que gela seus ossos e o cega, desejando-o engolir.
Mas ele segue seu caminho, dia após dia,
procurando culpados para ajudá-lo a carregar sua farda,
ou moribundos que não se importem em comer as migalhas
que, num sorriso, a beira do desprezo, lança no chão que pisa.
O seu olhar que já brilhou como rubi, agigantando a alma,
agora emite lampejos maliciosos de desdém, e foge
como bandido a refugiar-se para que não seja visto.
Luzes apagadas, espelhos quebrados, é melhor assim!
Mas, as vezes, uma ou outra vez, ele se lembra.
Um dia foi amado, muito amado!
Um dia soube o que era o amor.
E, amigos, ouçam: muitos não sabem e nunca saberão!
Mas, saber disso o torna mais especial, ou não?
É um privilégio ou o pior fardo, como um cofre fechado
cujo segredo perdeu-se em algum momento do passado
que agora só serve para aumentar o peso de sua cruel solidão?
Ah! Que venha o sexo! Muito sexo, louras, morenas,
maduras, meninas, bonitas ou nem tanto, não importa!
É muito melhor se embriagar na luxúria, amor não existe.
Até que, talvez, quem sabe, tropece num grande amor por aí...
Lídia Sirena Vandresen
(27.05.2012)