Disparo
Ah, ele sorri de um jeito bastante pessoal
Não percebo a vontade de agradar
Ou enganar, ganhar, nem mesmo a de perder
Quando tudo é mais cruel do que o improvável...
Ele também tem suas máscaras, mas quem não tem?
Ocultar tem lá suas vantagens
Não sofrer não é uma delas
Poupar os outros, talvez...
Mas ele até que vai bem
Ouvi dizer que voltou a parar de fumar
E está gostando do clima de novo
Por quanto tempo? Ninguém sabe...
Outras vezes, ele também ficou bem...
E outras vezes o clima foi bom
E sim, tudo era igual, assim como hoje
Assim como sempre vai ser
Nessas horas sangradas, ensejos à boêmia
O coração dispara, o corpo tem tonta a cabeça
E o pensamento gira em torno do “de novo?”
Se concentrar em quê?
E como, rapaz?
Como você se presta a viver dessa forma?
Mas eu não pergunto isso a ele
Medo da resposta? Não, não...
Medo do disparo.
Daniel Sena Pires – Disparo (28/05/2012)