ATOS DA SOLIDÃO
Juliana Valis




No escuro,

A solidão me aperta

E me decreta

A sentença de prisão




No cárcere,

Pega-me a solidão

Até que a estrela transborde meu suor

Lá fora, onde vê-la sempre em vão

É delírio ou sombra do pior




Na noite,

Beija-me a solidão

Sem que me açoite

Este lábio de paixão

Desiludida no enigma preso em mim





Já no ápice do fim,

Crucifica-me a solidão

E apenas sento e choro, logo, assim,

Sem temer as noites que se foram e  já vão,

No ritmo do dia mais simples e  frenético,

Além do êxtase perdido em sensação,

No descompasso histérico de um coração poético.