AS VOZES QUE SOMEM
As vozes sumiram
Já não as escuto
A última luz se apagou
Ouço, desconfortável, minha respiração
Nada mais restou
Agora sei que sou apenas eu
E esta escuridão de existir
Volto ao passado e tento encilhar a memória
Para descobrir aonde tudo começou
A se desmoronar dento de mim
O passado, todavia, não é um livro
São folhas soltas do projeto de desconstrução de cada um de nós
Pior é que dentro de mim uiva um velho cão,
Tão dolorosamente...
Um pobre um coiote que se perdeu da matilha
O som que emite, todavia é pra dentro, só eu escuto
Em minha mente insana...
Perguntas vem no redemoinho e tão desordenadas
Porque não germinaram todas aquelas sementes?
Aonde foram parar os anjos da minha infância?
Porque a força devastadora de minha juventude nada construiu?
Porque emoções nada esculpiram na minha alma?
Porque não aprisionei toda doçura que vinha de você?
Porque fiquei tão sozinho neste mundo imenso?