Instrumentos da Poesia

Já se ouve o repicar dos sinos

Recitando seus refrões pela vila,

Onde o sossego flutua, junto a brisa

Acariciando cada face, cada beijo roubado!

Não muito longe dali,

Uma janela se alumia ao som do lampião

Dando asas ao vulto e suas armas escrevedoras

De histórias e estórias cravadas no peito,

Sutilmente semeadas n’alma!

- Uma a uma destas linhas, senhora folha

É inundada de pétalas plantadas no tinteiro

Remetendo-me em flores para perfumar teu rosto!

- Neste instante, cara senhorita pena

Entrego-me de corpo e alma ao teu jardim

Hoje outonal como o brilho da lua a nos cobrir!

- Uno-me ao silêncio, senhora amiga dos versos

Apontando o céu como limite, as nuvens como ajudantes

Desta carpintaria de lendas e abecedários do coração!

- Nobre dançarina, senhorita pena,

Pois sou todo ouvidos para os teus lamentos

Passageiros do tinteiro, do cálice, da voz de dentro!

... Nobre senhora,

Pois eu na minha humilde sabedoria, vos digo...

Sem estas mãos que as acolhe, nada seria,

Levo na tinta o pulsar em palavras desta aura

Um tanto entristecida ouvindo do silêncio o amor

Tatuado em uma única estrela!

A Ave Maria já terminou,

A cidadela ficou ainda mais encantadora,

A luz da lamparina naquela janela

Onde ele nada seria sem seus instrumentos,

E o sentimento que lateja em preitos,

Pela noite do sempre!

A verdade esta nos avessos

Do Eremita de todos nós,

Obrigado Senhor!

06/05/2012

Porto Alegre - RS