Rumo às águas
Sob a lua que ainda balança insone
entre vielas e vértebras de paredes pálidas,
palpita meu beijo esquecido às escuras
nos montes dos teus lábios tesos;
Um raio pactuado com a tempestade
insurge diante da noite
e do ar mutilado que sustenta um suspiro
ainda revejo teus olhos queixosos
e úmidos por eu ter que de ti partir;
Rumo à flor que o mar me oferece,
ao suor das mãos tecido em prece
esperam-me as águas... Amanhece!
Desperto das cores dos candeeiros acesos,
das sombras solitárias que se erguem,
harpeadas de féretro silêncio
e dançam como pétalas tontas ao vento;
Longe do vilarejo, um pescador ao mar;
Ao desalento das estrelas derramadas inúteis
por que te ressurges das noites de solidão
e mesmo quando todo o céu é puro breu,
falso de anjos e demônios, guardo-te silente
na pedra dura da minha existência;
Reacende o olhar marginal das ilhas,
fogo comum de toda esperança que se exila,
enredada na coragem que não se aplana.
Rio, 15 de julho 09.