Rumo às águas

Sob a lua que ainda balança insone

entre vielas e vértebras de paredes pálidas,

palpita meu beijo esquecido às escuras

nos montes dos teus lábios tesos;

Um raio pactuado com a tempestade

insurge diante da noite

e do ar mutilado que sustenta um suspiro

ainda revejo teus olhos queixosos

e úmidos por eu ter que de ti partir;

Rumo à flor que o mar me oferece,

ao suor das mãos tecido em prece

esperam-me as águas... Amanhece!

Desperto das cores dos candeeiros acesos,

das sombras solitárias que se erguem,

harpeadas de féretro silêncio

e dançam como pétalas tontas ao vento;

Longe do vilarejo, um pescador ao mar;

Ao desalento das estrelas derramadas inúteis

por que te ressurges das noites de solidão

e mesmo quando todo o céu é puro breu,

falso de anjos e demônios, guardo-te silente

na pedra dura da minha existência;

Reacende o olhar marginal das ilhas,

fogo comum de toda esperança que se exila,

enredada na coragem que não se aplana.

Rio, 15 de julho 09.

Daniel Genovez
Enviado por Daniel Genovez em 03/05/2012
Reeditado em 12/10/2019
Código do texto: T3647646
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