AMOR
NOS TEMPOS
DE ACADEMIA
Tua boca me invade
perscruta
entorta a minha língua
revolve tudo
e diz que isto é amor
Depois me beija o decote
e desce
e beija sem convicção
feito quem engole um fast food
Apressado
Se existe algum pecado
é este amor
objeto de mercado
Você me pergunta se eu gosto
[recita as tuas propostas]
e deste jeito você gosta?
Eu à espera de um olhar!
Este surrado roteiro
feito manual de escoteiro
ou de bombeiro
ou de primeiros socorros
[a tua piada sem graça...]
Abraçar um corpo quente
mas refratário, ausente
é mergulhar ainda mais
na solidão!
Achar que seu sexo ereto
e tão másculo
é o seu melhor atributo
um homem-objeto que
vai de cama em cama
Me livrem desta trama!
Este sexo
da boca pra fora
de peito vazio
nada sob a pele
andróides de academia
perfeitos, exatos, narcisitas
na flor da idade madura
muito vício, pouca ternura
Deus me livre desses anjos
de asas metálicas e
indiferença de
especialistas...
Alfinetam a borboleta
e a matam
com olhos inocentes !