SOMBRAS DO PASSADO
Há um nada desse pouco que transborda
e há sombras que são sobras do passado;
flores mortas ressequidas pelo tempo
esquecidas em jardins abandonados.
Há um pássaro que volita sem destino
nos serrados, sertanias, vãos fechados;
asas curtas presas ao corpo, solitário,
pio mudo de um cantar sempre cerrado.
Há riachos que não sangram em terras férteis,
há um limo que decora jaz no pasto;
um poente escondido no rochedo
andarilho que carrega seu pecado.
Há escombros d’um castelo em ruínas,
ponte morta que não une, nem separa;
há apenas uma brisa pequenina
heroína dessa obra inacabada.
JP08042012