SOMBRAS DO PASSADO

Há um nada desse pouco que transborda

e há sombras que são sobras do passado;

flores mortas ressequidas pelo tempo

esquecidas em jardins abandonados.

Há um pássaro que volita sem destino

nos serrados, sertanias, vãos fechados;

asas curtas presas ao corpo, solitário,

pio mudo de um cantar sempre cerrado.

Há riachos que não sangram em terras férteis,

há um limo que decora jaz no pasto;

um poente escondido no rochedo

andarilho que carrega seu pecado.

Há escombros d’um castelo em ruínas,

ponte morta que não une, nem separa;

há apenas uma brisa pequenina

heroína dessa obra inacabada.

JP08042012

Aglaure Martins
Enviado por Aglaure Martins em 01/05/2012
Reeditado em 08/10/2014
Código do texto: T3644292
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