Desrazões do destino

Lamento que ainda estejas entre meus velhos papéis,

que ainda faças parte das poesias amassadas na caixa de madeira,

que ainda seja um velho barbante embolando em meus dedos,

que ainda me lembre o quanto sua eternidade me incomoda...

.

Talvez eu lhe deva desculpas,

mas se nas desrazões do destino,

para você pouca importa quem eu sou,

se eu não for quem você deseje ter em sua vida...

.

Lamento que ainda estejas entre meus pensamentos,

que ainda faças parte das melodias que ouço ao adormecer,

que ainda povoe meus sonhos e pesadelos na imanência,

que ainda me recorde que sua presença se faz forte na ausência...

.

Talvez eu lhe deva desculpas,

mas nas verdades de minhas mentiras,

você jamais foi capaz de viver sem guerras,

se não puder me domesticar para ser seu bicho de estimação...

.

Lamento que ainda estejas em meu passado,

que ainda sombreie meu presente quando o tempo não passa,

que ainda provoque meu futuro com suas incertezas,

que ainda solicite sensações perdidas em um oceano de tristezas...

.

Talvez eu lhe deva desculpas,

mas se preferes cerrar os punhos à me ouvir com o coração,

como poderia crer em explicações que superam a razão,

se tudo pelo que anseias é um mundo convencional de atos corretos...

.

Tire-me de sua vida,

tire-me de sua mente,

tire-me de seu ódio,

porque no final não sou eu quem deve desculpas,

pois a fiz sorrir quando tudo a fazia chorar...