::: QUIMERA :::
Eu chamarei de quimera
Esta lágrima que está em meus olhos.
Pois que tem a dor de uma perda,
O sentimento da solidão,
A forma de angustia, mas no fim,
Não é nenhuma delas,
E, nem sei qual seria
A estrutura desta lágrima rebelde.
Esta lágrima que ainda não caiu
É o canto do Poeta romântico,
A epopeia do rito heroico
e o soneto do velho Ítalo.
Essa alomorfia indireta
Dos ventrículos cardíacos do pranto
Onde o medieval homem cria
Que sentir vinha do coração.
Mas se, portanto, não é
Por que razão
Dói tanto no meu peito esta lágrima vazia?
Cultivo quimeras no jardim de sentimentos
E que são flores, arvoredos belos e
Plantas de ornato
Na epiderme que suporta tanto sentir!
Sinto na tez deste jardim de quimeras
Os sentimentos líquidos das canções
Que a vida rasga no peito.
Esta lágrima vazia transborda incompreensão
Estando tão cheia de emoção
E tão vazia de respostas.
"Quem és?" - Grito no sereno.
São minhas quimeras de estimação
Que rego todo dia com versos
E alimento com poesias.
São minhas quimeras, tais lágrimas,
Que dão adorno à vida.
Sendo dor, angústia ou agonia.
Ora sendo paixão, amor ou alegria;
Que viver é sentir!
Na gota do orvalho que se chama existência
Vejo na minha brevidade
A ilógica velocidade com que sinto
E deixo de sentir.
Com a minha quimera no colo
A vida deixo de assistir
E passo a viver.
SP 26/04/2012.
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