Enterre-me com seu amor!

Se meu coração fosse à lua,

Que prateia o cabelo em negrume,

Ver-te-ia então – virgem e nua,

Sentiria a noite o teu perfume!

Agora nesta lápide erguida,

Vejo o calor do círio ardente,

Fostes em existir ainda em vida,

A musa de espírito inocente!

Morreu quando a juventude,

Brotou ao seio que fiz corar,

Erga-te deste solitário alaúde,

Cura meu peso de tanto cismar!

Nunca mais nos meus braços,

Sentirei o frenesi em sagrado amor,

Anjo guia-me em meus passos

A tristeza que enluta tanta dor!

Leve-me contigo pelo inferno,

Na qual repousa o espírito cativo,

Sem ti! O viver é o frígido inverno,

Que mortifica o humano ainda vivo!

Do teu amor tenho insana fome.

O vampiro que assola o sacristão,

Nas noites assim clamo teu nome,

Orando as notas do meu coração!

Nunca mais verei tua face volver

Retorcendo-se na insana dor,

Anseio tanto pelo meu morrer!

Enterre-me com o teu amor!

opoetakurita
Enviado por opoetakurita em 23/04/2012
Código do texto: T3628345
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.