Quero urubus sobrevoando o horizonte


Quando eu morrer
Que tudo siga normalmente
Quero que os meus se alegrem
Que meus amigos tomem um porre
Que minhas dívidas virem pó
Que meu cão uive raivoso
Que aquele vizinho se estrebuche
Que meus CD’s sejam tocados
Que os versos virem canção
Que no futuro me esqueçam
Que o céu se transforme em brasas
Que as matas se cubram de sombras
Que não haja túmulo para mim
Que meu corpo seja incinerado
Que as cinzas ao mar, aos ventos... atiradas
Que não se vertam lágrimas nem lamentos
Que meus inimigos não tenham a certeza que me fui.