NOTURNO MEDO DE LHE PERDER
Na solidão do vazio da noite estou só
Meu pensamento torna-se nômade
E a verdade torna-se dúvida que duvido
Meu coração então agora um sedentário
Procura refúgio nas verdades onde me refugio
Em um quadro feito da refração de mim mesmo
Um afresco pintado nas paredes de meus medos
Penso que não devo pensar sobre se é ou não
Mas o ciúme tem suas próprias cores e telas
Não que deva deixar-me levar pelo que não sei
Mas o não saber torna o quadro quase indecifrável
E a ribaldaria da escuridão de minha certeza influi
Tento fechar os olhos e observar tudo em ordem
Mas é como se a tela desse quadro fosse meu corpo
E você a imagem indecifrável a qual tendo desvendar
Imagino que nada é além do que jamais deixará de ser
E que o ser nada mais é do que assim já o é em si mesmo
Mas existe sempre a centelha de que isso seja inescusável
Então minha noite vazia torna-se ainda mais taciturna
Repleta de fantasmas oriundos das dúvidas desse meu medo
O medo de ser o que não se é na busca de ser o teu pleno ser
E se não o sendo nada mais importa para o que ainda será
Sei que isso é a mística de todos os sentimentos quando reais
Que torna o irreal em monstros hediondos a me desencantar
Olho para a tela desta maquina de sonhos realidade e ilusões
E percebo em meu intimo o medo intrínseco de lhe perder
Mas sei não ser dono do que nunca dono se poderá ter
Pois o amor é um garanhão selvagem dos campos libertos
E só ele escolhe onde será para sempre teu habitat sentimental
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