Duas horas depois

A tarde consumio seu rogo fatuo

Sem carne, sem pecado, sem talvez.

A noite se encolhe como uma ave

A ponto de emigrar.

E o mundo é um fervor de caracoes

Jejuns de pimenta, riso e sal

E o sol é uma lagrima em um olho

Que não sabe chorar.

Tuas costas é o ocaso de setembro

Um mapa sem revés nem marcha atrás

Uma gota de bagaço acostumado

Ao desdem do mar.

E ao fim o calendario e seus porteiros

Disecando o oficio de sonhar

E a espora no bar da esquina

E o vicio de não lembrar.

Pela regra do coração

Cada manhã descarrilha um trem

E ao terminar volta a começar

Duas horas depois do amanhecer.

tem a vida um lânguido argumento

Que não se acaba nunca de aprender

Tem sabor de licor e lua despenteada

Que não mata a sede.

A noite consumiu suas garrafas

Deixando um brasão na parede

Hão passado os dias como folhas

De livros sem ler.

Joaquin
Enviado por Joaquin em 13/04/2012
Código do texto: T3610154