Insalubre
A semana apressou-se à chorar
para que a sexta sentisse seu eco.
Ansiosa para com a lua se encontrar
e sozinha, conversar com seu ego.
Amargura da quinta à noite
fez a semana pensar devagar;
quarta lançou-se ao açoite
para no sábado beber devagar.
O vazio deixado por intensa dor
preenchia tão mórbida solidão,
roía das unhas cheiro do amor,
saboreava sua vasta desilusão.
O tumulto de dias era opressão,
agoniava ouvir tantos feitios.
Apreço à impetuosa depressão,
detestando o bissexto ano amigo.
Morte súbita, mui prazerosa
a semana enfim, tornou-se pó.
Sábado vazio, sua última hora
doce amargo de quem está só.