Palavra bruta

E se você não tiver olhos

Nem para ver, nem para imaginar

E se você não tiver voz

Nem para falar, nem para a mímica

E se você não tiver audição

Nem para ouvir e nem para sonhar

E se você não tiver pernas

Nem para correr e nem para andar

E se lhe faltar a poesia?

O que será de nós?

Restará

o compasso vertical do pêndulo,

o tempo cruel e inexorável.

As limitações das pernas, dos ouvidos

Dos olhos e de bocas amordaçadas

Do silêncio artificial e a palavra bruta

Grudadas nas pedras, nas paisagens

E na sola do sapato.

E o tapete da alma restará encardido

De um vazio indevassável.

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 30/03/2012
Reeditado em 03/04/2012
Código do texto: T3584701
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