Alma Ausente


É preciso,
É necessário,
E o dever miliciano prevalece.
Alma de soldado quer cumprir sua missão.
Velha alma exaurida dos dias,
Exausta de si, não encontra paz,
Mas a consciência parece tranqüila.
Não tem como superar os próprios limites,
Quando estes parecem tão próximos!
Ou seria este o momento de superá-los?
Já não sabe, já não quer,
Quanto mais próximo de si,
Mas distante do mundo.
Encenação, necessária sanidade,
A loucura espreita,
Mas teme o próprio louco.
Cartomantes, torres caídas,
Predestinação,
E tanto trabalho por nada.
Passos distantes,
Dividido em partes,
Perde-se em divagações,
Para concluir-se no evidente,
O cérebro está cansado,
O coração bate ferido.
E daí?
Que diferença pode fazer tudo isto?
Quanto de tolice é necessário para sobreviver?
E vivo ou morto,
Haverá de ser sempre assombração de si,
O próprio fantasma com suas correntes de passados,
Âncoras do psiquismo.
Curva-se ao dia a dia,
Mergulha no cotidiano,
Ri amargo, despreza entender,
A ignorância tem mais liberdade que o entendimento,
E eis a contradição,
Querer entender para ser liberto.
Eis o drama patético de ser.
Belas são as flores,
Graça tem a brisa,
Jóia rara é a saudade,
Pois a memória haverá de ser utópica,
E o passado não vivido,
Desejará o futuro não existido.
Gilberto Brandão Marcon
Enviado por Gilberto Brandão Marcon em 30/03/2012
Reeditado em 20/11/2019
Código do texto: T3584157
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