Inédito dia
A manhã vai chegar impunemente
Eis que do breu nasce a claridade
Aos poucos, de forma cinza e doída
Clareando os cantos enigmáticos
Estreitando o mistério na lembrança
E a manhã morna, tenra e cética
Se instaura de forma infectocontagiante
Pois então o passarinho canta,
O galo gorjeia e os barulhos urbanos
fazem a cidade voltar a mais uma
Normalidade de um dia…
As janelas se abrem, os olhos se abrem
O corpo acorda para a mente ainda sonolenta
E, assim, entre sensações palpáveis e
imaginação
Arquitetamos a ginástica do primeiro passo.
Caminhamos como um equilibrista
Entre o real e o provável
Entre o aberto e o fechado
E nesse instante, logo após
o parto matutino
descobrimos um sol tímido e
acanhado
E as folhas de outono que varrem
o chão ruidosamente.
O mundo finalmente se abre
Para um novo e inédito dia.