No Meio Da Noite
No meio da noite
Chibatas, açoites
Assolam as almas
Despidas da calma
Chibatas, açoites
No meio da noite
Despem a calma
Das frágeis almas
Sedentas de amor
Entregam-se a dor
Empurram o existir
Sem nada por vir
Desnudas do abraço
Revelam o cansaço
Nos olhos perdidos
Em meio a rotina
Mal que aniquila
No meio da noite
Desejos calados
Amores vadios
Sem brio ou postura
Engolem a tortura
No fel do silêncio
Expelem amargura
Escalam desejos
Projetam imagens
Cheiram vadiagem
Existir miragem
Serpenteia o cio
Na teia cinzenta
Pios agourentos
Esfacelamentos
No meio da noite
Trevas alagam
Corpos perdidos
Almas vazias
Lustros da lua
Acendem as ruas
No meio da noite
Das almas nuas
(Ana Stoppa)