FARDAS

Hoje me vesti de brisa,

Suave estou e mole por assim dizer.

Há sempre uma veste que amolda o momento.

Não preciso abrir o armário,

as roupas expostas como véu,

estão jorradas nas páginas do dia

e encaixam sem pedir licença.

Olho em volta...

colinas vestidas de verde.

Marrons opacos

não projetam sobre mim sombras,

não maculam minha sobriedade

e nem erguem meus devaneios.

Coração purgado...

não atina o desmereço.

Então essa bonança me assanha,

me envolvo nela como um rodamoinho

em fina flor de cortar respiração.

Sopram-me vertentes do bem.

Mas...por segundos

projeto-me à sombra,

temendo na alvura me ferir.

Sinto o vermute...

e calos deixados por vestes

de outros dias...

Pesadas fardas.