Uma fração do que resta de mim.
Olha-se no espelho
e mal consegue ver
a pequenina de cabelos negros
(que sorria tão sem medo
da vida, do tempo, do nada).
A menina
— que costumava admirar a Lua —
lhe sorri
e agora parece cruel
não poder retribuir.
Sente falta dos passos tão curtos
tão sem pressa
e orgulha-se apesar disso das pernas agora longas,
da memória que resta da pequenina
que nada temia.
Vê-se agora bela mulher
que não teme espelhos mas
tem um mundo inteiro para
redescobrir (o que a leva a tantos outros medos
e ao início desta mesma história).