Acaso uma rua

Acaso um poema

(A) “ventura”

Que ninguém atura

No vazio de uma rua

Na rua da dona Ema

Escura, sem lua

Poucos versos, sem rima

Sem métrica, que cisma!

Na esquina olhos de cão observa

Do outro lado, meninos com erva

Na janela da frente, a menina sem asa

Pula, e logo circula

Para e logo se amassa

Entra em outra casa e toma pílula

Na frente do bar fechado

Na rua suja, um bêbado desmaiado

Uma moça (provavelmente) universitária

Desce do ônibus solitária

Corre para não ser roubada

Entra na casa, fica aprisionada

Com a luz apagada, tento dormir

Mas a insônia me faz rir

E aqui dentro desse quarto

Não acho nenhuma graça

E logo me farto

Dessa velha cama

Cheia de traça

Que tiram minha calma

E consomem minha alma

Puta desgraça!

(amos)

Amos
Enviado por Amos em 11/03/2012
Código do texto: T3548298