Caindo.
Deixe-me sozinho só por um segundo
Necessito terminar de corroer meu coração
Deixe-me longe de toda a correnteza que me arrasta de volta ao passado
O brilho do seu olhar mostra-me emoções que não posso suportar
Preciso me jogar novamente em um abismo
No meio do vale do medo já esquecido por todos
Respirar o sangue lúgubre que respiga pelo chão já morto
E sente o frio levar embora toda a sensibilidade do meu corpo
É a felicidade é para poucos
A escuridão e a solidão estão reservadas somente para aqueles que não aprenderam a amar
Então eu devo repetir
Deixe-me sozinho, preciso terminar de cair, cair, cair...
Preso em um paraíso feito de folhas secas
Obstinado a nunca desistir de sofrer
Preso a um abismo
Designado a sentir a doce dor e morrer
Rosas dão vida a um túmulo vazio
Meu corpo continua a vagar por caminhos
Minha mente se perde em um labirinto
E minha alma partiu sem se despedir
Caindo, muito distante do mundo
Tão sozinho, como um lobo solitário
Preso além da montanha
Onde o frio o faz regredir a um estado de inércia
Deixe-me sozinho
Caindo em um vácuo longínquo da solidão
Onde nem mesmo o nada pode alcançar
Onde a inexistência toma conta do coração
e as palavras se perdem em monossilabas vazias e sem sentido
Cante minha despedida
Estou partindo
Caindo no real afastamento dos astros
Estou voando em um universo paralelo
Em uma camada invencivel de paz
Estou voando muito além do mundo
Morrendo para tudo o que deixei pra trás
Estou partindo, caindo para o nada
Doce inexistência
Lar das almas sofredoras
Deixe-me sorrir
Deixe-me sentir
e então aceitar
Deixar levar
Continuar
E me afundar
Submergir
No que quer que me espera além da real linha da vida
Caindo, deixando-me levar
Deixe-me sozinho
Quero me esquecer
Deixar de sofrer
Emergir no vazio
e me esconder
do que quer que seja o significado da vida
Deixe-me sozinho
E então saberei
O que vim fazer
Caindo...
Não só em mim
mas por mim
Em um universo paralelo
Onde o caos é o vazio
E a vida se resume a nada