No coração da cidade
E quem quer seus pedaços?
Os restos podres de suas moralidades limitadas
Meu corpo querendo mais uma dose rápida de qualquer coisa
Os círculos fechando-se em torno de tudo
As cabeças vazias perambulando nas ruas
Quem precisa destas ideias?
As velhas cidades já se foram
Caíram como babilônias obsoletas
Seus carros insensíveis rodando no asfalto das vidas rastejantes
Os telhados de suas casas são rugas nas faces encarquilhadas das cidades
Suas escolas fabricando robôs
E de tuas fabricas saem as peças de reposição para teu universo de sistemas ditados
Odeie as luzes dos postes que bruxuleiam sempre
Caminhe nas ruas sem pensar em como esta vestido
Ou no que vai pensar a menina daquela loja
Emergi dos escombros das ruínas do lixo social
Beba vinho e se embriague
Escreva alguns poemas que ninguém vai ler
Seja você pelo menos uma vez
Pelo menos por um dia
Fique ao menos por algumas horas onde eles não o alcancem
Estou cansado agora
Mas não joguei tudo ainda
As cidades não podem tirar de mim toda a minha seiva
Eu permaneço a janela da vida
Desço ocasionalmente pra pegar o que preciso
Estou à parte o Maximo que posso
Mas já fui contaminado
A poluição já me alcançou
Mas não irei me afogar
Aprendi a respirar sob este mar de cinismo
Já sei me guiar cegamente na escuridão de suas indiferenças
E olhares
Estou no coração da cidade.