No coração da cidade

E quem quer seus pedaços?

Os restos podres de suas moralidades limitadas

Meu corpo querendo mais uma dose rápida de qualquer coisa

Os círculos fechando-se em torno de tudo

As cabeças vazias perambulando nas ruas

Quem precisa destas ideias?

As velhas cidades já se foram

Caíram como babilônias obsoletas

Seus carros insensíveis rodando no asfalto das vidas rastejantes

Os telhados de suas casas são rugas nas faces encarquilhadas das cidades

Suas escolas fabricando robôs

E de tuas fabricas saem as peças de reposição para teu universo de sistemas ditados

Odeie as luzes dos postes que bruxuleiam sempre

Caminhe nas ruas sem pensar em como esta vestido

Ou no que vai pensar a menina daquela loja

Emergi dos escombros das ruínas do lixo social

Beba vinho e se embriague

Escreva alguns poemas que ninguém vai ler

Seja você pelo menos uma vez

Pelo menos por um dia

Fique ao menos por algumas horas onde eles não o alcancem

Estou cansado agora

Mas não joguei tudo ainda

As cidades não podem tirar de mim toda a minha seiva

Eu permaneço a janela da vida

Desço ocasionalmente pra pegar o que preciso

Estou à parte o Maximo que posso

Mas já fui contaminado

A poluição já me alcançou

Mas não irei me afogar

Aprendi a respirar sob este mar de cinismo

Já sei me guiar cegamente na escuridão de suas indiferenças

E olhares

Estou no coração da cidade.

JANNUS LOBO
Enviado por JANNUS LOBO em 04/03/2012
Código do texto: T3534198