Coração no átrio
Duas introduções em um violão para nenhuma voz,
duplo martíni em um copo de um bar vazio em uma noite perdida,
uma dupla de gatos percorre a cidade separados por um muro,
enquanto permaneço aqui no espaço cercado de um edifício,
perdendo minha mente em sonhos irreais, sem distinguir a verdade,
uma bolinha de pinball batendo seguidamente contra paredes invisíveis,
procurando pela cura de uma demência sem clemência cristã,
por todos aqueles à quem magoei durante minha caminhada pela vida,
estou aprisionado na estrutura anatômica do coração,
jogando minha sorte em um boliche de peões formados por sentimentos,
perdendo todos os strikes, para deixar as lágrimas correrem como rios,
estou aqui no centro desse alvo esperando ser atingido por uma flecha,
pintei meu nome em postes de iluminação como setas para o mapa de lugar nenhum,
habitando essa depressão geográfica em forma de anfiteatro,
dramatizo os personagens do meu "eu verdadeiro" sem espelhos,
mas a humanidade cega só consegue enxergar minhas mentiras,
minha sinceridade esmurra a janela gritando para ser ouvida,
mas as pessoas surdas só conseguem ouvir minha voz serena fake,
estou aqui perdendo minha vida em arremessos de dados no tabuleiro do cinismo,
meu coração está encarcerado no átrio,
pulsando nas intemperanças da ausência de esperança,
sem que ninguém consiga me ver, na cegueira de suas visões,
não fui feito para a compreensão alheia,
estou perdido na complexidade de um labirinto sem saída,
perdendo meus pensamentos na distorção de uma narrativa sem final,
embriagando-me em bebidas sem álcool etílico,
tateando pela lucidez de um dia calmo imaginado dentro de uma aquário...